Era pequena, fraquinha, magrinha que dava dó. Andava nos corredores aspirando grandes sonhos, e na mochila carregava uma penca de livros que lia nos cantos ensolarados, todos literários não gostava nem um pouco dos forçados didáticos. Odiava matemática a pequena, números não lhe faziam sentido algum.
Diziam a ela besteiras de doer o ouvido e a alma, mas mesmo tristonha, tentava se focar nas linhas retas dos velhos livros amassados. Ela pegou tal gosto dali mesmo, um ótimo remédio para substituir palavras esdrúxulas de bocas alheias.
A biblioteca residia em sua alma escondida, aquela de escritora amadora com seus sonhos presos em gaiolas. Mal sabiam dos sonhos encantadores que a pobre guria tinha.
Ô braços finos que nada faziam a não ser escrever, mal chutava uma bola reta e longe, apesar de sempre ter feito futsal, pouca força tinha. E jogar bola com as mãos no handball ? Um fracasso que dava dó.
Mas continuava com a língua afiada no seu pequeno inglês e nos versos poéticos que de vez em quando brotavam em guardanapos de pequenos restaurantes de esquina, toda terça e quinta-feira.
Comia rápido para voltar logo a ler, para fotografar a linda flor que vira no caminho e também mal dormia a coitada, por puro medo de morrer cedo, sem nada ter aproveitado. Era sempre uma aproveitadora de momentos aleatórios, sejam eles de pouca ou grande importância, aproveitava cada segundo a profunda essência de viver.
Através de sua pequena-grande queda por livros, alimentou sua inspiração admirando obras de grandes poetas e cronistas, e seguiu sua vida saudavelmente entendendo do porquê há de ter tanto amor nas poesias.
Porque eles - os poetas - até então, sabiam que viver era muito mais do que apenas estar vivo, era necessário saber viver de fato.
Viver é uma questão de escolha.
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