sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Hoje não comi bolo

Hoje foi um dia diferente. Foi quieto. Foi normal.
Hoje não compartilhei do seu sorriso. 
Não dividi nossas alegrias e nem fiz pacote de presente.
Não preparei surpresas. A dona da confeitaria não recebeu encomenda minha.
Meus pais me esperaram pra jantar e nem precisei dizer que voltaria tarde.
Minha cama me aguentou o dia todo e minhas cachorras agradeceram a companhia. 
Até deixel a Mel subir na minha cama.
Hoje economizei, não sai. Não gastei.
Não vi seus amigos e nem os meus.
Fiquei comendo chocolate, o mesmo que pensei em te dar.
Hoje não comi coxinha nem quibe.
Não comi também o seu bolo e não bati palmas.
Lembrei que esqueci de passar o número dos salgadinhos pro seu pai mais um ano. Desculpe. Juro que um dia eu anoto o número. 
Mas até lá já esqueci de novo.
Não sei como está sua avó, nem a cachorrinha.
Não sei mais por onde andam seus cachos. Se está mais comprido ou curto. 
Me pergunto se em sua mesa ainda tem a planta com nome de gente e se ainda tem os desenhos atrás da porta.
Queria saber se ainda tem aquela camisa azul com bolinhas laranja que tanto gostava. Ou se já jogou fora também. 
Se ainda come o mesmo burguer na rua e ainda pega chá no drive thru porque a embalagem é maior. 
Ouvi boatos que você está mais profissional. Fico feliz.
Torço por você em silêncio mesmo que de longe.
Sei que como eu torço, é da mesma forma que você compartilhou meu luto em silêncio ao sentir minha dor ao perder minha cachorrinha. 
Você se mostrou presente, eu sei. E eu gostei. Apesar... de tudo.
Feliz aniversário.

Sei que nunca lerá. Não tenho mais coragem de te enviar. Já são 4h e está tarde. Já passou da data. Mas tive que verbalizar.
Mas ainda sinto, e ainda lembro 00h00 quando pensei em te ligar.
Já eu, pretendo não comemorar mais aniversário algum meu. 

Hoje foi meu ato de rebeldia, foi como me senti aquele dia.
Sozinha sem te ver. No dia em que eu comemorei nascer.

Hoje foi um dia difícil mas ainda assim, desejo parabéns a você.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

10/06/2018

Cheguei a um ponto da minha vida em que mais nada me contenta. 
Meu otimismo sempre foi o meu forte, principalmente as expectativas que a partir dele criava todos os dias.
Sempre acordava buscando o melhor em cada coisa. Esperando o melhor dos outros e coisas a partir de minhas escolhas.
Depois de anos me jogando em cabeça em pequenas desculpas para ser feliz, percebi do porquê os moldes da sociedade ficam tão claros após certa idade.
Compreendi intensamente do porquê das pessoas se engessarem de tal modo que não conseguem rir de pequenos erros. Tudo vira escândalo, tudo vira bola de neve.
Tudo vira decepção. 
Real isso.
Somos acostumados a buscar o melhor de nós sempre, e esperamos que o mundo faça o mesmo consigo e com eles mesmos. Mas nem sempre as pessoas estão na mesma sintonia ou se importam na mesma medida.
Ultimamente estou aceitando aquela grande ideia de se chutar o balde para longe e apenas sentar no asfalto esperando anoitecer para poder pegar meu balde de novo e levar pra casa para dormir.
Infelizmente as pessoas nos frustram de tal modo, que deixamos de nos reconhecer por um bom tempo.
Estou nessa fase, infelizmente. 
Buscando o reconhecimento de mim mesma para a tal da mudança. Onde é que me perdi? 
Meus sonhos sempre foram bem alinhados, totalmente executados, apenas com algumas mudanças óbvias. Mas ultimamente estou me afogando em dúvidas e cheiros, em corpos e anseios.
E cada dia que passa, vejo que ficar sozinha e em silêncio perante a esse tornado doente é a melhor opção.
Estamos enfrentando tanta merda política nessa país, que percebe-se que as pessoas estão perdidas.
Não se sabe se amanhã terá emprego, se a empresa vai fechar, se a gasolina vai acabar, se a comida faltará. Esse ano o Brasil resolveu parar e isso deixou as pessoas fora de órbita.
Não era para ser um texto político, nem é meu intuito chegar a algum lugar. 
Apenas utilizo da escrita como uma forma de escape.

Ultimamente nem sei mais o que está sendo meu escape. A não ser buscar uma nova versão de mim mesma. 
Queria realmente voltar a tomar gosto pelas linhas, pelas prosas e longas conversas. Mas a vida não dá esse tempo. É tudo pra ontem, é tudo envolvendo dinheiro e trocas.

Saí de um relacionamento mais insegura do que entrei. Não me reconheço mais. Aliás, minto. Saí mais segura do que sou, mas já não sei mais o que quero a partir de mim mesma. 
Talvez essa seja a própria resposta. Reconhecer-me a partir de meu próprio silêncio e perceber que não há respostas nem conclusões para tudo.
Mas confesso que está difícil. Ando crítica demais, seletiva demais. Mas ao mesmo tempo pretendo inovar. Sentir outros cheiros, gostos, experiências.

Sinto falta de vida.

Acho que cheguei ao ponto em que meu trabalho e estudo me consumiram a tal ponto, que esqueci de observar ao meu redor, o que realmente me faz falta.

Vida que segue. Os meses me dirão

versos tolos

Se pudesse escrever em linhas pouco do que já senti ao seu lado, eu ainda mentiria por falta de justificar tamanho impacto. 
A falta de ar que me persegue ao te ver, persiste como uma rajada de vento que me faz engolir minhas próprias vergonhas e me faz suspirar com os teus olhos amendoados que insisti em dizer que eram verdes ao encará-los.
Te persisto, te admiro, me viro do avesso e remarco compromisso. Arranjo desculpas, troco de horário, troco de roupa, me descubro por inteiro, só pra te ver no meio desse meu avesso. No meio dessa loucura da vida, achei espaço onde não havia nem começo. Lhe procurei a primeira vez naqueles desencontros de ruas, logo me vi tomando quentão na correria de horários dessa aventura. 
Já te olhava de canto com um certo suspiro, pensava se algum dia pudesse encontrar meu olhar mesmo que de cantinho. Se notaria que a sua presença já balançava o meu pequeno mundinho.
Me ouvi cantarolar contigo músicas que mal sei a letra, a falar besteira enquanto andava me fazendo de besta. Levei amigos pra beber comigo, só pra te ver mais um pouquinho, mesmo que de longe sem nem um intervalinho, suspirava mesmo que de longe por te ver ainda assim de pertinho.
Me redescobri por inteiro, e percebi que perto de ti meu riso fica melhor e verdadeiro.
Tua presença me acelera o peito, de tal forma que me enche de esperança, ouvir ao menos a sua lembrança de alguma piada que em algum momento só eu ri.
Você me faz esquecer do trajeto, meu rumo, que nem ao certo sei pra onde ir.
Parece loucura da minha cabeça, pensar que sentimento tão grande que parece besta, de criança pura que sente quando segura a mão do menino pela primeira vez.
Teu abraço se encaixa enquanto eu fecho os olhos, sinto segurança no respiro enquanto você dorme, nunca havia sentido tal sintonia diante do que me foi vivido até aqui. 
Um descanso que me arrastou no canto, e acordei com seus braços em volta de mim. Me senti tão sua que me esqueci por um momento do que já vivi.
É nessa insegurança sem fim, de saber nem ao certo o que quer de mim, que choraminguei nos teus braços enquanto aquele dia me consolava tomando gin.
Boba que sou voltei a escrever, me senti incentivada por algo que nem pude reconhecer, mas sabia que dentro de mim estava algo a acontecer.
Sentei-me agoniada por não poder compreender mais nada, desse aperto no peito cada vez que ficava longe de ti.
Me vejo cada vez mais boba, em querer te ter por perto, mesmo que de nada tenhamos ao certo, mas só sei que verdadeiramente gosto de ti. 
Torço pela sua felicidade, muito mais do que boa parte dessa cidade, que você conquiste esse mundo com essa sua seriedade e molecagem que tanto me encanta.
Te admiro em cada ponto e me sinto bem em qualquer canto. Desde que você esteja feliz também. 


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

persisto.

Insisto.
Como num tiro no escuro, há o som na imensidão. Porém não sou capaz de ver a força do impacto sobre a outra vida.
Insisto.
Respiro fundo, me escondo, choro nos escombros empoeirados das paredes quebradas, e tento me reerguer sob a mureta.
Insisto novamente.
Toco a campainha do peito, procuro sem saber exatamente o nome daquele sentimento, revisto um manto pedindo paz e abaixo a arma que me tirou o fôlego de tantos anos.
Resisto.
Tiro a máscara e dou tapa a cara na rua, lavo meus olhos com o suor de meu trabalho, descanso um pouco sob a sombra das árvores de grossos troncos. Deixo amontoar minhas dúvidas e me aquieto com minhas confissões.
Persisto. 
Recomeço de onde parei, volto quadras atrás onde larguei minhas coisas, refaço o longo caminho que percorri e busco um atalho para seguir. Tento eliminar as coisas óbvias do caminho e passo a dedicar o meu olhar sobre aqueles brotos novos que surgiram no jardim.
Implico.
Sofro de saudade do ar que antes era mais limpo, talvez não tão limpo, mas sim uma pureza ingênua de pura ignorância. Sempre foi complicado, sempre sentimos dores ao andar sob as pedras. Mas chega um momento que nossos pés engrossarão de tal modo que não sentiremos mais os cacos do que restou ao chão. Peço gentilmente que me escute, meu coração é nada mais do que um pedaço de lembranças solitárias, uma empatia carinhosa com aqueles que bem quero, mas ao mesmo tempo um montante de traumas não resolvidos.
Desisto.
As vezes me jogo no travesseiro com a esperança de dias melhores, arrisco com palavras soltas de velhas lembranças, me viro na cama, penso num mundo inteiro de possibilidades e acordo por volta das 16h, com a vontade de dormir mais cedo no próximo dia. Tem dias que desisto de mim mesma. 
Arrisco.
Tento ser otimista, no pior dos momentos. Quero arriscar novos caminhos longe do caminho já percorrido. Insisto, persisto, implico, arrisco. E só realmente desisto quando algo muito maior está por vir.
Mas sei que só desistirei quando a morte chamar, caso contrário continuo insistindo e arriscando.
Volto para o campo de batalha com mais munição, mais feridas, mais curativos e sangue espalhado no rosto. Limpo minha cara com o suor e dedico o meu sorriso dos ausentes para as pequenas vitórias de cada batalha.
Persisto.