segunda-feira, 27 de maio de 2019


Essa eleição me ensinou muitas coisas que nunca imaginaria que aprenderia de forma tão prática:

Ensinou que muitos desconhecidos acabam se unindo muito mais do que nossas próprias famílias.

Senti a frieza e engoli seco ao ser ignorada e silenciada pela ÚNICA vez que dirigi e desabafei um post dirigido a uma pessoa de minha família. A mesma pessoa que declara que a liberdade de expressão é necessária, simplesmente excluiu ignorou meu desabafo. Uma pessoa que considerava e admirava.

Descobri que dentro da classe artística, há também os artistas de "elite" que fazem arte para selecionados e apenas para prêmios. Infelizmente a arte elitizada não tem coragem de divulgar e dar cara a tapa com sua arte em locais precários, até porque a arte deles é muito refinada para ser expressa para pouco ego.

Entendi que a arte de verdade une intelectuais representantes de diversas minorias, e intelectuais as vezes não são os que tem grandes diplomas e sim, os humildes e os de bom coração.

Compreendi que as pessoas não choram apenas por política, e sim, pela maldade do coração alheio. Porque eu pela primeira vez solucei na frente de uma televisão ao ver tanta gente maldosa ao nosso redor.

Confesso que não entendi porque um parente encheu meu saco a infância inteira para não brincar de "jogos de luta no videogame" porque isso incita a violência e poderia incentivar meu primx a ver coisas violentas, sendo que os mesmxs votam em alguém que incentiva o porte de armas. Cresci jogando jogos de armas, e nem por isso sou a favor do uso delas na vida real até hoje

Entendi que por mais que a gente fale sobre amor e empatia, quem É RUIM e tem o coração de pedra, nunca entenderá. A não ser quando perder alguém que ama muito.

Compreendi também que muitos não respeitam a opção do outro, apenas toleram em silêncio. E quando isso é divulgado publicamente, aí sim que o silêncio predomina.

E com isso, entendi que o silêncio fere muito mais do que palavras. O silêncio tem uma posição e isso agride principalmente aquilo que amamos.

Com essa eleição entendi que quem ama, cuida, respeita, protege. Não apenas com palavras e fucking posts no facebook.

Dá a mão, abraça, pergunta se precisa de ajuda, liga, bate na porta, puxa pro colo, estende o braço, dá o ombro.

Infelizmente com essa eleição vi que já fizemos muito pelos outros, e quando mais precisamos, estes mesmos outros só lembram de nós na parte boa ou quando eles mesmos precisam.

Vi com meus olhos que família não se escolhe, mas amigos de verdade a gente escolhe sim. E que muitos deles não nos abandonam quando precisamos... e estes mesmos ombros aparecem onde menos esperamos, no trabalho, no teatro, no vizinho, no amigo de escola, no porteiro do prédio.

Essa eleição me ensinou a ser mais humana e percebi que ser sozinha, é uma batalha árdua e ao mesmo tempo é possível ser feliz consigo mesma mesmo no caos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

"Deixe-me ir, preciso andar"

Liberta-me desse respiro ansioso, 
das inquietações desesperadoras do silêncio insistente.
Livra-me das inseguranças que amarram meus andares, 
os mesmos que entrelaçam as memórias das escadarias do peito.
Receba-me de mãos quentes e firmes, me segura e olha um pouco mais profundo e percebe-me como uma alma leve porém perdida neste momento.
Descalça-me no meio da rua, e deixa-me livre pra sentir as pedras até calejarem meus pés para que eu me sinta mais viva para prosseguir viagem.

Preciso sentir-me próxima daquilo que reverbera dentro de mim.
Os pedregulhos do peito enchem-me de incertezas sobre os trajetos que ainda não alcancei. Observo-me aflita diante o longo caminho, ao perceber que a inconstância das expressões da sua face me desestabilizam na segurança do seu sentir. 
Como um liquidificador velho, rebato entre as paredes de plástico pedras de gelo, que perigosamente se batem entre si até migalhar-se entre mínimos pedaços derretidos. E neste momento, sinto-me derretendo aos poucos diante da fragilidade das ações.

Sou da guerra perdida que anda no meio do campo ainda minado, da bexiga esquecida no céu que soltou-se de um pequeno descuido dos balões do parque.
Sou aquela que sentou-se na ponta das escadas esperando você voltar. A que sentou em cima da privada até esperar todos irem embora. 

Reconheço-me como a sonhadora de papel. A moça dos escritos perdidos e silenciosos. Dona das linhas nunca lidas e jamais interpretadas. Dos versos inéditos vindos do peito de uma necessidade de expressão.
A atriz envergonhada, que expressa-se em versos tortos e mal escritos. Sem revisões ou segundas leituras. Escrevo por sentir a liberdade entre os momentos da correria e de pura exaustão. 
Sou movida a linhas salvadoras de minha própria inquietude. E ao sentir-me perdida, me reencontro nas linhas como forma de explanar meus sentimentos. Assim posso verbalizá-los e entende-los.

Deixa-me ir.
Deixa-me aquietar.
Deixa-me ficar entre os cantos na quietude do respiro.

Deixa-me.