domingo, 28 de julho de 2013

Claro que dá errado

     Era óbvio que iria dar errado. Esta distância, nossas frases confusas, nossos dias noturnos, nossas conversas mais do que sinceras. Os nossos beijos sempre foram de longe invisíveis, beijos na qual existiram, mas que hoje parecem fantasmas se escondendo em cantos históricos de nossas vidas.
     Eu tive uma semana cheia e você também, falamos de tudo e falamos de pouco, derramamos nossas lágrimas e tivemos sorrisos largos.
     Ali éramos tudo e nada.
     Te ver todos os dias, me corta centímetro por centímetro. Deixando-me assim, pequenos rastros de amor mal dito.
     São tantas as músicas que narram esta trajetória, esta caminhada de tantas corridas e canseiras, pisos flácidos e firmes, curvas e retas, que simplesmente é impossível dizer qual seria a nossa música principal.
     Você liga o rádio. Sorrimos.
     É óbvio que você sabe que amo aquela música, e deixa-me embalar pelo nosso cansaço emocional, deito-me em seu colo com o choro entre a garganta, o mesmo choro pedindo para que se sente ao meu lado todos os dias ao acordar.
     Sinto falta de sua cantoria em meu ouvido, das horas que você me fazia dormir. Aquele teu cheiro característico que ao mesmo tempo amo, me faz ficar indignada.
    Está silêncio agora.
    Pois estou em dúvida em qual música me consolar, não existe mais tempo para nós, e sim um buraco negro em nossas vidas. Na qual dia após dia, somos jogados em uma maré de absurdos que querendo ou não, nossa alma é sugada. O destino faz dela o que quiser. Mas no final, aparecemos, na escuridão de mãos dadas, lado a lado. Independente da circunstância.
     Mas quando nos abraçamos, alivia a dor desta caída no abismo.
     Ao seu lado tudo está certo, e logo mais, nos veremos novamente.

                                  São e salvos. 

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Singulares malefícios

 Esqueço-me do dia em que me arrependi de algo, tal informação bastaria para conter meu próprio riso interno. Segurei forte sua mão e prometi nunca partir, estaria por perto, mas partir, nunca!
Seus olhos arredondados pela vida, me disseram que eu não estaria sozinha, fosse o tempo que fosse, estaria sendo guiada instintivamente por ele mesmo. Ele na qual me deixara ir e vir tantas vezes. Ele pois, ficou.
    Poderia muito bem citar um solo frágil a pisar, porém quebraria em segundos sem sua presença. Não me esquivei muito menos articulei palavras ao vento. Sabia o que estava dizendo e cada palavra mastigada saindo de minha boca.
    Eu cresci no meio de sua boca, alimentada de utopia e platonismo de anos. Agradeço, moço. Agradeço. Sinto-me forte e adubada para vida. E continuo a repetir, não me arrependo.
    Surtamos, gritamos, berramos entre névoas do passado na qual sujaram nossos nomes por anos. Fomos fortes e guerreiros a sair da própria guerra com amor no peito enquanto o mundo nos rodeava com o mais puro ódio.
    Nos amamos, inconscientemente. Choramos no colo, um choro contido, de desespero e desabafo, de carência e de afago. Quem éramos alí caídos? Heróis, vilões ou apenas estávamos dormindo? Éramos dois em um lugar livre do frio. 
    Quem éramos nós? Volto a repetir. Éramos jovens chorando de um passado presente, na qual o próprio presente se desfaz de um futuro bonito. 
    Irresistível era a palavra da noite, a palavra que cobria meus olhos de lágrimas, e sua boca de ternura, a palavra que soava em nossos ouvidos como quem dança no escuro, com a maior vontade de dançar. Suávamos internamente com a vontade de explodir. Que se exploda o mundo, que se exploda os outros, que se exploda aos que nos julgaram impossíveis.
    Pois estávamos ali. Parados, sentados, exaustos de uma vida construída de impossibilidades e críticas, uma vida na qual os dois sabiam a afirmação, mas a solução estava longe de aparecer e com tudo acabar.
    Quem dormira? Será que selamos nossa história, ou deixamos que a vida encarregue de nos mostrar? 
    Morreremos de frio, com pés congelados, no meio dos arbustos se nossas vidas não mais se cruzarem. Mas nos abraçamos, de saudade e de amigável promessa.
    De que a vida, uma resposta irá nos mostrar.


Space Bound | via Tumblr

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Oi

    Eu poderia ter gritado olhando no fundo dos seus olhos. Poderia ter pedido para que você nunca mais dirigisse a palavra a mim. Qualquer coisa, qualquer palavra, já seria o suficiente. Mas boba que sou, não fiz nada disso. 
Não fiz por pura inocência.
Inocência e medo.
Medo de te perder pra sempre, me calei em meus próprios suspiros na noite.

    Sempre te olhei de canto, esperando encontrar alguma pista que pudesse me dizer a qual caminho eu estaria me dirigindo. Lhe conheci pelo sobrenome... 

                                            "Como é mesmo o nome dele? 
                                                                            Ah... sim." 
                                                                                                       disse eu.
    Ingênua que era, apenas sorri. Sorri com o maior sorriso de lata que alguém poderia dar a um desconhecido. Lhe conhecia apenas pelo seu sorriso largo e cabelo bagunçados ao vento. Me apaixonei ao ouvir seu nome, e juntando a composição de seu corpo. Tudo ali combinava. 
    Me lembro. Sim, eu me lembro. O dia em que por você, eu me apaixonei.
    Seu sorriso, foi o que mais me marcou.
    Encantada ficava com os versos escritos em meu peito, quando meu olhar batia sobre sua face. Maldita que fui, virei os olhos de vergonha, justo quando nos apresentaram.
                                                         Oi.
                                                             Olá.
Anos mais tarde, era sua.
Inteira sua.
Por meses sua. 
Pra sempre sua.
E nunca deixei de ser.

    Chorei, me esgoelei, cantei para Deus e o mundo, a nossa canção.
Lhe fitei por horas em uma foto, gritei seu nome na rua aos prantos, nos beijamos na chuva, e rimos encharcados em um banheiro sem uso, soluçando de rir com o cinto na mão.

                                                "É tarde, eu preciso ir."

                                                    "Fica só mais cinco minutinhos então."

    Lá se vão mais algumas horas, e pronto. Nunca mais vira sua aula até então.

    Engraçado como eu nada temia naqueles momentos, só temia o que o futuro de mim tiraria, isso sim era o que mais doía. Ríamos da desgraça, da insegurança anterior, da nossa coragem em pleno dia de semana, do nosso amor inventado em colégio de freira, da nossa suposta forma de amor. Duas da tarde e nós na rede, sentindo o gosto do amor.

    Anos se passaram, e você continua na minha frente. Com a mesma cara de pirralho arrependido, que levou um tabefe e deu um ganido.
    Mas com cara de quem chorou por nada e sorriu por tudo.
    Seu jeito malandro metido a cabeludo, ditado por aqueles tempos do bendito "Oi" de final de segunda-feira chuvosa.
    "A coisa" ta de volta e está presente na minha vida. Eu sei disso, nós sabemos disso...

    Esta ligação nunca terá um fim. É um recomeço a cada história inventada. E cá estamos nós nesta jornada... Digamos que mais evoluída e construída. Com experiência mais do que renovada. Mais um relato chato, eu sei. Você sabe também, pois sei que nem mais lê, mas não tem problema. Escrevo para não perder a consciência.
Mas somos os mesmos.

Eu
Você.

Somos.

O cabeludo e a certinha. 
Vivendo vidas agora parecidas, um novo começo de três anos de passado e três anos de futuro.

Vamos ver no que vai dar.

Deixo assim, a vida me levar.