quinta-feira, 25 de julho de 2013

Singulares malefícios

 Esqueço-me do dia em que me arrependi de algo, tal informação bastaria para conter meu próprio riso interno. Segurei forte sua mão e prometi nunca partir, estaria por perto, mas partir, nunca!
Seus olhos arredondados pela vida, me disseram que eu não estaria sozinha, fosse o tempo que fosse, estaria sendo guiada instintivamente por ele mesmo. Ele na qual me deixara ir e vir tantas vezes. Ele pois, ficou.
    Poderia muito bem citar um solo frágil a pisar, porém quebraria em segundos sem sua presença. Não me esquivei muito menos articulei palavras ao vento. Sabia o que estava dizendo e cada palavra mastigada saindo de minha boca.
    Eu cresci no meio de sua boca, alimentada de utopia e platonismo de anos. Agradeço, moço. Agradeço. Sinto-me forte e adubada para vida. E continuo a repetir, não me arrependo.
    Surtamos, gritamos, berramos entre névoas do passado na qual sujaram nossos nomes por anos. Fomos fortes e guerreiros a sair da própria guerra com amor no peito enquanto o mundo nos rodeava com o mais puro ódio.
    Nos amamos, inconscientemente. Choramos no colo, um choro contido, de desespero e desabafo, de carência e de afago. Quem éramos alí caídos? Heróis, vilões ou apenas estávamos dormindo? Éramos dois em um lugar livre do frio. 
    Quem éramos nós? Volto a repetir. Éramos jovens chorando de um passado presente, na qual o próprio presente se desfaz de um futuro bonito. 
    Irresistível era a palavra da noite, a palavra que cobria meus olhos de lágrimas, e sua boca de ternura, a palavra que soava em nossos ouvidos como quem dança no escuro, com a maior vontade de dançar. Suávamos internamente com a vontade de explodir. Que se exploda o mundo, que se exploda os outros, que se exploda aos que nos julgaram impossíveis.
    Pois estávamos ali. Parados, sentados, exaustos de uma vida construída de impossibilidades e críticas, uma vida na qual os dois sabiam a afirmação, mas a solução estava longe de aparecer e com tudo acabar.
    Quem dormira? Será que selamos nossa história, ou deixamos que a vida encarregue de nos mostrar? 
    Morreremos de frio, com pés congelados, no meio dos arbustos se nossas vidas não mais se cruzarem. Mas nos abraçamos, de saudade e de amigável promessa.
    De que a vida, uma resposta irá nos mostrar.


Space Bound | via Tumblr

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