sábado, 28 de setembro de 2013

A ordem

    Eu poderia ter simplesmente ignorado o fato de que não tenho mais tempo para escrever. Mas isto corta meu peito ao meio e precisei revisar esta questão.
    Me engasgo nas palavras, ando tortamente nas calçadas, vomito sonhos não realizados, estava realmente perdida, até este minuto. Ou será que ainda estou? Quem nunca se embebedou dos seus próprios mistérios e dúvidas que atire a primeira pedra.
    Quem de nós não correu montanhas, não esperou milhas e milhas de tombos e tropeços para se tocar do que realmente era certo na vida? 
    E eu lhe pergunto, o que é certo? A quem deveríamos e devemos correr para o abraço após um dia ruim? Quais são as palavras certas que precisamos dizer em meio a chuva? O que sentir quando quem lhe ama abraça sem pedir nada em troca?
    Quero mais pitangueiras em minha vida, quero mais sol e menos frio. Quero mais rosas vermelhas em minhas porta, quero hibiscos caídos em meu quarto. Quero de volta os meus lindos domingos de manhã, quero voltar a sentar na minha árvore favorita no fim da tarde.
    Quero que a minha vontade de escrever apareça mais vezes, me alegre, me tire do buraco da rotina, me arraste para mente artística, quero rabiscar meu quarto cantando melodias, quero algo que sei que fugiu. 
    Tudo isso porque não ignoro a falta de minhas palavras. Talvez seja o excesso delas pela boca e não pela escrita. Trocarei a ordem para assim manter a ordem... aquela ordem que já não sei qual é a primeira.
    Se é que a vida tem lá a sua devida ordem.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Jamé

    Eu abandonei minha escrita, por excesso de emoção e escassez de razão. Sinceramente não sei o que ocorre em minhas veias nestes últimos dias. Sinto o tilintar da morte e da angústia choramingando entre meu peito, sou feita de madeira, vidro, folha. Não sou pedra lisa sem gravura. Tenho lá meus sentimentos.
    Eu poderia explicar-lhes que fora um desentendimento com minha vida, um tipo de férias contida, um aviso prévio de que estaria por pouco tempo banida. Mas não fora assim... a mudança chegou e levou tudo o que tinha. Nem a escrita me salvaria. Nem a santa escrita me salvaria...
    Estou em tempos de paz, em tempos de guerra, em tempos de luto. Em que tempo estou? Pois já me parece tão curto! Setembro? Não ouvi! Estamos em setembro? Desculpe-me, estou a beira de junho. Meu mês não quero voar, não quer passar das minhas mãos. "Eles passarão eu passarinho". Passarinho, passarinho, assim fiquei.
    Agosto, mês ingrato, já corroeu meu coração, me fizeste descer os degraus da felicidade por puro medo e ingratidão.Pois que agora venha estúpida solidez, pedra forte no coração. Mate-me zumbido no peito, e veja como a solidão ocupa teu ser na escuridão. 
    Acreditem ou não mas a máquina continua a se locomover, não penso qual trajeto irei seguir, apenas estou deixando a trilha me guiar, o fim dela é onde irei parar. 
    Vamos gastar o que não temos, embebedar os nossos mistérios, descobrir minhas verdades, enterrar o que estava inteiro. Quero saber da minha vida, que história é essa que eu a continha? Quero mais é vomitar os meus segredos, escancarar logo os meus medos, apontar para minha coragem, atravessar a ponte sem receio. Não me olhes torto que já lhe meto o dedo!
    Jurava que era A mas pulei direto pra C, B não me comovia, chorei aos cantos, mas a sessão não resolvia, sessão do desespero de querer voltar. JAMÉEE gritou-me alguém do fundo. Calada fiquei. Calada estou.

Quem sou eu pra brigar com meu futuro. Ingrato, importuno. Traga-me logo o meu sorriso obscuro, pois destas lágrimas contidas, já basta secar meu próprio escudo.

JAMÉ. Será o nome do próximo inimigo. Duvido de ti, querido amigo. Pois fique sentado aqui ao meu lado, um tanto quanto escondido... vamos brincar de acreditar que nosso mistério foi resolvido.

                                    flower photography tumblr - Google'da Ara