quinta-feira, 18 de julho de 2013

Oi

    Eu poderia ter gritado olhando no fundo dos seus olhos. Poderia ter pedido para que você nunca mais dirigisse a palavra a mim. Qualquer coisa, qualquer palavra, já seria o suficiente. Mas boba que sou, não fiz nada disso. 
Não fiz por pura inocência.
Inocência e medo.
Medo de te perder pra sempre, me calei em meus próprios suspiros na noite.

    Sempre te olhei de canto, esperando encontrar alguma pista que pudesse me dizer a qual caminho eu estaria me dirigindo. Lhe conheci pelo sobrenome... 

                                            "Como é mesmo o nome dele? 
                                                                            Ah... sim." 
                                                                                                       disse eu.
    Ingênua que era, apenas sorri. Sorri com o maior sorriso de lata que alguém poderia dar a um desconhecido. Lhe conhecia apenas pelo seu sorriso largo e cabelo bagunçados ao vento. Me apaixonei ao ouvir seu nome, e juntando a composição de seu corpo. Tudo ali combinava. 
    Me lembro. Sim, eu me lembro. O dia em que por você, eu me apaixonei.
    Seu sorriso, foi o que mais me marcou.
    Encantada ficava com os versos escritos em meu peito, quando meu olhar batia sobre sua face. Maldita que fui, virei os olhos de vergonha, justo quando nos apresentaram.
                                                         Oi.
                                                             Olá.
Anos mais tarde, era sua.
Inteira sua.
Por meses sua. 
Pra sempre sua.
E nunca deixei de ser.

    Chorei, me esgoelei, cantei para Deus e o mundo, a nossa canção.
Lhe fitei por horas em uma foto, gritei seu nome na rua aos prantos, nos beijamos na chuva, e rimos encharcados em um banheiro sem uso, soluçando de rir com o cinto na mão.

                                                "É tarde, eu preciso ir."

                                                    "Fica só mais cinco minutinhos então."

    Lá se vão mais algumas horas, e pronto. Nunca mais vira sua aula até então.

    Engraçado como eu nada temia naqueles momentos, só temia o que o futuro de mim tiraria, isso sim era o que mais doía. Ríamos da desgraça, da insegurança anterior, da nossa coragem em pleno dia de semana, do nosso amor inventado em colégio de freira, da nossa suposta forma de amor. Duas da tarde e nós na rede, sentindo o gosto do amor.

    Anos se passaram, e você continua na minha frente. Com a mesma cara de pirralho arrependido, que levou um tabefe e deu um ganido.
    Mas com cara de quem chorou por nada e sorriu por tudo.
    Seu jeito malandro metido a cabeludo, ditado por aqueles tempos do bendito "Oi" de final de segunda-feira chuvosa.
    "A coisa" ta de volta e está presente na minha vida. Eu sei disso, nós sabemos disso...

    Esta ligação nunca terá um fim. É um recomeço a cada história inventada. E cá estamos nós nesta jornada... Digamos que mais evoluída e construída. Com experiência mais do que renovada. Mais um relato chato, eu sei. Você sabe também, pois sei que nem mais lê, mas não tem problema. Escrevo para não perder a consciência.
Mas somos os mesmos.

Eu
Você.

Somos.

O cabeludo e a certinha. 
Vivendo vidas agora parecidas, um novo começo de três anos de passado e três anos de futuro.

Vamos ver no que vai dar.

Deixo assim, a vida me levar.

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