terça-feira, 24 de abril de 2012

O mofar do quarto nas noites frias.



    Besta é a porta que bate e me tranca do movimento lá de fora, que me prega nas quatro paredes como num quadro atrofiado e torto.
    O som dos vidros batendo, da poeira levantando, do pedaço de parede caindo lentamente em pequenas pedrinhas que se esfarelam entre os dedos, ah maldita porta!
    Da mesa ensopada, da cama mal feita, dos papéis ao meu lado rasgados de desgosto, do travesseiro que recebe a dor de noites solitárias e soluços de desespero. 
    Dos livros manchados de chá, dos cadernos escrito na agonia. Onde você meu quarto, pensa que pode estar? Longe creio eu... perdido por aí,em algum lugar.
    O barulho dos segundos, no relógio demonstra estar.Batendo rapidamente como se em algum lugar pudesse chegar. 
    Porém nenhum som o suficiente irá superar, o silêncio da noite, que aos poucos, ainda vai me matar.

Tic tac
Tic tac.

E uma dia,
a bateria 
para de 
funcionar
.
Tic-tac.
tic-ta
tic-t
tic
ti
t

E o quarto morre, 
em seu próprio mofar.


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