quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ontem devota, hoje na luta.

  Anos passados, nos primórdios de uma infância, morava ao seu lado um amor sem fim, marcado pela delicadeza de detalhes no relevo da madeira, traços arredondados e puros, pintados seus cabelos, longos cabelos, cobrindo seu rosto estava um véu comprido desenhado delicadamente.
  Era uma fé materializada, apenas para iluminar a palma de suas mãos todas as manhãs quando a tocava antes de sair de casa. Pois a verdadeira fé, estava sempre presente em seu pequeno coração que batia fortemente a cada oração que fazia, pois a cada vez que juntava suas pequenas mãos, trazia fé ao seus dias de agonia.
  Era devota de uma vida de esperança, amores, carinhos e bondade, passou sua infância inteira acreditando na mais pura verdade.
  Mas ao longo dos anos, a mentira aparecia, a realidade se apresentava com rebeldia, mostrando-a ao mundo,uma pequena menina como se sua vida fosse meras fantasias. Cresceu acreditando que sempre tinha alguém acima dela acompanhando seus passos e a ajudando sempre, mas a cada dia que passava, não era isso que dentro dela confirmava.
  Tinha ao seu lado, grandes símbolos carnais que a ajudavam a continuar com sua fé, uma fé bonita, inocente, que se destacava a cada dia mais.
  Papa João Paulo era seu maior símbolo presente na terra,uma representação que pra ela fora até hoje a mais bem representada, da pureza do olhar, e no jeito carinhoso de se falar, fé tão linda sobre ele desde pequena, que só depois de crescida, virou santo.
  Sua querida e eterna avó, que em seu passado quase virara uma freira, mas que pelo destino contraditório a fez mudar seus caminhos e constituir uma família.Mostrava-lhe os passos mais lindos não só da religião, mas sim, de pequenos atos naturais de bondade que podemos fazer aos outros em nossa rotina, mostrou que a fé cura nossas mágoas em dias difíceis e também nos servia para agradecer nossos dias maravilhosos.
  A irmã do antigo colégio que na qual cresceu ao seu lado, orava todos os dias na capela, ensinou-lhe os mandamentos, e ensinou-lhe as imagens na qual os santos se eternizavam no meio de nós, meros humanos.
   Porém, houve um dia que seus grande ídolos partiram, restando-lhe apenas saudades intensas de dias religiosos que ali havia seguido.
   Lutava contra preconceitos, pressentimentos, injustiças... No seu canto, com as mãos juntas.
  Mas com o passar do tempo, percebera que isso não era o suficiente para retribuir tal amor arrecadado em anos de oração, o mundo era muito mais do que duas mãos paradas e juntas, era um mundo de mãos abertas e em constante movimento.
  Seus estudos e leituras, foram muito mais além do que a igreja, atravessou a mente de grandes filósofos que ao longo da vida muitos já estudaram, e lhe despertou um imenso interesse em seus pensamentos extraordinários.
  Pessoas muitas vezes não entendem porque tal mudança radical em sua vida, mas talvez poderiam entender se fizessem uma mudança dentro de sua própria igreja, se ao menos abrissem os olhos para arrecadação de dinheiro por ganancia, da falta de liberdade nas vestimentas dentro de uma igreja,do preconceito contra homossexuais, entre outros grandes erros... 
  A vida é muito mais do que apenas se concentrar numa imagem, a vida é aproveitar e ajudar as imagens vivas que passam ao nosso lado despercebidas, que muitas vezes, caem aos nossos pés mortas, de fome.


  Talvez aquele antigo amor pela religião volte, quem sabe um dia,mas talvez seja tarde demais... Talvez só quando entenderem do porquê hoje em dia nesse mundo ninguém mais quer a nossa própria paz, se não isso... nunca mais.




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