segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Metal disfarçado de seda

Sufocante o ar preso ao peito, como um pedido de socorro, deitou-me entre pedras cobertas de suor. Havia uma semana em que dormir se tornou algo luxuoso e comida era algo que não sabia mais degustar.
Foi a semana mais longa de minha vida, uma ampulheta quebrada com areia grossa que demorava a descer entre curtos caminhos mortais.
Senti-me forte o suficiente para desafiar meu desespero e minha própria corrida. Fui inimiga de meus próprios punhos, sugando-me para poder caminhar e realizar um trabalho bem feito.
Não fui feita para acorrentar-me no desespero, mas era entre a pressão que sentia prazer quase sendo masoquista.
Era uma criança presa a minha própria capacidade de ser. Eu era uma prisioneira de minhas ações e qualidades.
Engoli meu desespero e foquei-me no automático. Nunca me senti tão fria e sem emoções quanto na semana passada.
Não fui feita de açúcar, pensei. Fui feita do metal mais pesado, capaz de aguentar dias de porrada ácida no estômago. Meu refluxo me fazia perder o contato da vida, do gosto e da esperança. 
Foi a semana mais longa deste vinte e um anos de vida. Senti-me fraca e ao mesmo tempo forte o suficiente para cumprir o que o relógio me mandava. 
Viajei, me apresentei, estudei, li e reli, escrevi e apaguei. Entre apresentações de palco e textos escritos, cumpri meu papel durante a semana inteira. Dediquei-me apenas um dia para a facada final.
Sou feita de um metal disfarçado de seda.
Se detalhar a trajetória, poucos iriam acreditar na capacidade de ultrapassar os limites.
"Achei que tinha perdido de W.O" ouvi. Mas não, estava lá, suada, cansada, com apenas segundos de esperança, atrasada, correndo e com cara de pânico, dando o meu máximo em apenas 14 minutos, pouco me importando das informações faltantes. "Estou aqui dando o meu máximo" - pensava.
Cumpri o meu dever como guerreira, cabe a eles decidirem o valor da batalha final.

"Aprovada"

Chorei cansaço no meio do sorriso da vitória. Estava por fim, formada e com a semana completa.
Foi a semana que provei a mim mesma, que sim, sou capaz de mais do que meu próprio limite. Sou feita de ferro com o coração de manteiga.

Dormi dois dias seguidos.

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