terça-feira, 2 de abril de 2013

Shiu

Vai, pode me chamar de neurótica, estressada, conturbada, o que for.
Me chama do que bem entender, mas me deixa estar assim, é direito meu estar e querer ficar assim. Em silêncio espiritual - digo - longe de você.
É... me deixa neste canto comendo chocolate, contando moscas e falando besteira alto. É, é isso. Me deixa falar quantas besteiras forem necessárias para eu sossegar o facho e decidir de vez o que fazer com a sua pessoa. 
O sol está me derretendo dentro deste quarto e a noite vem esfriar meu peito, esquentar minha mente com dúvidas, faltando explicações para esclarecer tudo no fim do dia. Na típica e maldita hora em que colocamos a cabeça no travesseiro.
Porque é que devemos nos confundir tanto? Não podemos simplesmente aceitar e assim viver?
Não.
Não, não e não. Somos incapazes de sermos felizes eternamente dentro de um mísero e único segundo. Mas quer saber? Não me importo. Sou inconstante dentro do meu próprio milésimo de segundo... Contanto que eu não caia na tal da rotina e na falsidade crua que corrói seus olhos, já está de bom agrado. Ah sim, está com certeza!
Olhe para você, olhe para nós. Fingimos que se passou um bom tempo desde a nossa última conversa, fingimos que mudamos, e fingimos que não somos, nem pensamos, nem sentimos nada do que antes chegamos um dia a ser.
Babaquice.
Historinha de mal gosto.
Malandragem.
Isso sim.
Esquece logo esta sua máscara em casa, vá lavar o rosto, ser você mesmo e volte a falar comigo, me olhando nos OLHOS. Isso, olhos e não boca!
Esquece um pouco seu orgulho na lavanderia ou na privada e me deixa tomar um chá aqui na rede olhando o pôr-do-sol. Vai vai... me deixa!
Pelo menos o meu clichê vale mais do que suas histórias mal contadas. Minha vida fica mais poética longe de você, eu já percebi isso e acho que você também, mas não importa.
O que importa é que as palavras estão falando por mim enquanto você já deve estar no seu milésimo sono.
O que importa é que meu chá ta esfriando, a comida estragando e eu estou esperando sua resposta. Sim, estou. Mesmo sabendo que você foge de suas obrigações, tenta esquecer o seu passado. Mas o seu passado ta aqui, sentado esperando a bendita mensagem aparecer e esclarecer tal estupidez.
Estou esperando que você me olhe nos olhos de uma vez por todas e bote o maldito ponto final escancarado, cuspido e escarrado nesta história. Só estou esperando você me informar o local e o horário, porque você me conhece, gosto de me programar pelo menos um dia antes.
Fui grosseira? Direta demais? Ah, desculpe. Maldita empolgação que envolve-me de noite. Mas estou olhando para sua foto agora, acabei de falar com você, e você finge que não me vê e que tem algo muito importante a fazer nos próximos dias.
Você sabe ao menos quem eu sou?
Não.
Nunca soube, e nunca nem se deu ao trabalho de tentar saber com quem esteve nos últimos anos.
Miserável.
Pessoa miserável sem alma, é disso que se trata este texto.
De alguém que é tão miserável com as palavras, que fala, grita, murmura, silencia depois cospe no prato que come.
Depois diz que vai fugir.
Pois vá, fuja e coloque o bendito anel no dedo.
Entre no altar com a tal da desconhecida, beija-a e fique por lá.

Beije sua mentira, sua hipocrisia. 
FAÇA TUDO O QUE QUISER.
Mas agora cala a boca, e me deixa tomar o meu chá, e me silenciar.

Boa noite, bem que todo este diálogo poderia ter sido entregue, poderia ter acontecido.
Mas sabe o que aconteceu?
Nada.
Absolutamente nada.
Você me mandou uma mensagem negativa, sorri, não respondi
e ainda disse: Fim de papo.

E morreu.

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