domingo, 4 de outubro de 2020

texto esquecido

Há tempos que não sento para escrever as linhas do peito, há tempos em que não me conforto na própria escrita na esperança de me salvar em versos.
Ao depositar toda a confiança em mim mesma, abandonei os pequenos textos que me serviam como base para mudança, o tal do incentivo invisível para compreensão dos próprios mecanismos. Não que isso seja algo a me conturbar e entristecer...
Mas sinto falta. Sinto falta de compreender-me na extensão das palavras, na ironia da voz que ecoa em mim e me transporta para um lugar a parte de mim mesma.
Sinto-me parte desse todo. Mas ao mesmo tempo tão distante e tão silenciosa nos passos ao longo do dia. Escrevo em minha mente, mil textos falados, mas nenhum deles de fato passo ao papel. De vez em quando, muitos versos se perdem no bloco de notas do celular, mas nada o suficiente se torna bom para que vire mais um texto completo. Apenas epifanias nos momentos solitários.
Tenho gostado da minha presença. Minha presença em palco solo, na imensidão das ruas enquanto ando meio que desgovernada fugindo do quarto em que passo o dia inteiro trabalhando. Sinto-me bem. Sinto-me abraçada no contexto urbano e também acolhida por mim mesma na minha rota. 
Aos poucos percebo que há um novo padrão em minha rotina. E esse padrão ainda não sei muito bem como funciona, em que situações da minha vida torna-se parte daquele novo padrão em que devo manter, ou na verdade faz parte das regalias que devo largar em qualquer esquina sem olhar para trás.
Sinto-me meio abandonada na trajetória de escolhas, sei que preciso de mais autonomia para isso. É necessário sair da zona de conforto mas é difícil.

27.05.2019

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