segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Pesos que viram linhas

Se o tempo coubesse dentro do tempo de meus breves olhares, creio que seriam postos como quase 60 segundos a mais do que o tempo de fato visto.
Se a cegueira me fosse capaz de selecionar apenas os melhores ao meu redor, talvez eu esteja na mesma. Ou até mesmo melhor do que sempre fui ao escolher com olhos bem abertos e puros com a vida, sem alterações.

Há tempos em que amadurecemos e entendemos nosso real propósito. Propósito de vida ao se relacionar com os outros e com nós mesmos.
Descobri que sou mais teimosa do que achava, mas ao mesmo tempo mais corajosa também.
Abri as portas para um futuro incerto e por conta disso, estou segurando uma responsabilidade maior do que achava que poderia segurar. Tudo ao mesmo tempo.
Certas vezes penso como não enlouqueci na minha própria sanidade. Ou talvez o que eu deva chamar de sanidade, é minha própria loucura.

Só sei que o limite está prestes a chegar... e ao chegar até ele, sei que mudarei mais uma vez de fase.
Já me sinto muito mais madura do que quando tinha certeza sobre mim mesma... hoje em dia? Não sei mais, certezas são as únicas coisas que não levo comigo. Desconstruo minhas certezas a cada discurso com cabeça aberta pronta para atualizar minha nova "verdade". Se é que a verdade de fato existe, ou todos nós construímos uma verdade dentro de apenas uma grande mentira?
Estou me redescobrindo aos poucos, me reapresentando sempre.
A essência... percebo que permanece constante, mas o amadurecimento me fez uma mulher atrapalhada porém sensata em minhas próprias escolhas. Hoje, dificilmente vou atrás depois de ter tomado alguma decisão. Posso me atrapalhar durante a escolha e o prazo de resposta, mas quando fere meu coração e me trata de forma injusta... não há sentimento nesse mundo que me faça mudar.

Quero me aprofundar na minha loucura daqui pra frente, estudar o máximo do impossível do possível do meu limite. Testar minhas habilidades até saber onde e como posso aperfeiçoá-las a chegar ao ponto de me amadurecer mais para a próxima fase de vida.
Quero devorar os livros quem possam servir mais do que a base de meu interesse, me investigar a cada frame e descobrir-me liberta em minha própria criatividade.

Brinco com minhas próprias metas e objetivos. Troco horários, dou desculpas, escondo meus próprios segredos e me amo secretamente. Sim, tenho segredos... daqueles dos quais pesquiso sempre sobre mas nunca comento com ninguém a respeito. Pois não interessa ao outro, somente a mim. O meu crescimento pessoal, profissional, espiritual ou o que for, só diz respeito a mim mesma e mais ninguém. Demorei muito para compreender isso em vida. Quem dera eu entender essa realidade em minha adolescência, talvez tivesse sofrido menos.
A cada segredo mantido em mim mesma, mais me conheço e me amo delicadamente, entrelinhas.

Atualmente estou em conflito, mas não de forma a regredir. Estou em conflito comigo mesma porque estou avançando alguns pontos de forma tão rápidas que mal sei lidar. Juro, não sei lidar.
Foi como disse... as linhas do amadurecimento estão me trazendo pesos que até então eu não sabia como segurar e estou me forçando a aprender.
Estou tentando segurar todos os pesos possível para que possa me manter viva de forma segura.
E para isso, vou observando o modo como o outros carregam seus próprios pesos, e assim, vou aprendendo com eles uma forma de segurá-los com segurança sem me machucar, e sem machucar os outros ao derrubar alguns destes pesos.
Estou aprendendo a lidar com isso e me acostumar com o peso de acordo com o caminho percorrido.
Pois isso varia do caminho, do terreno, das companhias ao meu redor, do jeito em que olho o meu redor, do meu humor, minha felicidade.

Meus pesos só param de pesar, quando entendo que eles são experiências de vida que podem agregar meu corpo. Só assim, deixam de ser pesos, e viram linhas de amadurecimento em meu corpo.

Cresço.


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