quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Eu simplesmente não deveria, mas estou. Estou escrevendo e detalhando sobre a dose que você deixou em mim, a dose que tenho a vontade de repetir, a dose que envolveu meus braços, cabelos e cheiros. 
Eu quase adoeci em seus braços na loucura de acreditar em suas palavras, como se os papéis fossem invertidos, e que agora, você vira o meu remédio. 
Teu silêncio me matou por mais de trinta dias, intercalados pelo teu cheiro e pele viciante. Sua tatuagem me atraia de uma forma ingrata, tão ingrata que era sua. Eu era sua menina. 
Aquela dose, aquele momento, aquele seu braço, aquele olhar junto ao sorriso malicioso que penetrava nos fundo de meus olhos, me fazia chorar. Chorar por saber que talvez tivesse um fim, ou até mesmo, nunca tivesse um começo.
Me pergunto todos os dias, quando isso começou? E como acabou? Teve apenas meio. Uma história com um meio, apenas. Com um pico bem desenvolvido, uma conexão absurda e concreta. Estávamos ali. E sabíamos disso.
Nosso meio foi detalhado por nossos suores e silêncios intermináveis. Vivemos de promessas nunca compridas, de planos mais do que longes de serem executados. Fomos subtraídos de um momento real, para algo totalmente inocente aos meus olhos. Repito: meus.
Sua loucura exterminou minhas esperanças de forma doentia e abstrata. Não deixando vestígios, você se anulou por completo, dando a perfeita impressão de que sua presença foi criada por uma esquizofrenia de minha própria natureza. Jogando a culpa da sua loucura em meu colo quente.
Seu vestígio virou apenas uma lembrança mal construída. Um meio pela qual hoje me encontro para poder escrever do que pouco lembro.
Hoje, culpo a bebida. A bebida da qual não lembro o gosto. Mas não do seu olhar, pois seu olhar doentio me matou aquela noite.

Fugi.

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